O avião arremeteu, e agora? Entenda como funciona o procedimento

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O pouso de um avião deve obedecer uma série de critérios orientados por uma combinação de equipamentos da aeronave e torre de controle, cálculos e a mão do piloto.

Se um desses passos for dado antes ou depois, ou no caso de alguma adversidade surgir pelo caminho, como uma forte rajada de vento ou um pássaro, o procedimento de aproximação é cancelado e o comandante arremete ou, como explicou Dan Guzzo, gerente-executivo de segurança operacional da companhia Gol durante workshop da empresa, “o pouso é descontinuado”.

Como brincam na aviação, o pouso é uma “queda controlada”.

O procedimento de aproximação começa ainda acima das nuvens, quando a aeronave recebe autorização para entrar na via aérea de pouso, onde os aviões formam uma fila para chegar ao aeroporto.

Durante essa fase o comandante diminui a altitude e inicia uma série de comandos para reduzir a velocidade da aeronave.

O plano de voo da aeronave contém informações sobre todos os procedimentos previstos para viagem com uma série de alternativas já programadas para o caso de alguma emergência ou mudança de rota, além de todos os detalhes sobre uma possível arremetida no destino final.

“Na aviação sempre se trabalha de forma preventiva”, conta Guzzo.

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A visibilidade é um dos fatores decisivos para o pouso ou arremetida.

“Quando estamos no carro e começa a chover, devido as condições de visibilidade, nós diminuímos a velocidade. No avião, porém, não é possível fazer isso”, compara o gerente de segurança da Gol.

“Se os pilotos não enxergam a pista dentro do que chamamos de ‘altitude de decisão’, o pouso é descontinuado”, complementa.

Quando o procedimento de arremetida acontece, o comandante aciona os motores novamente com força total, recolhe o trem de pouso e volta a subir, obedecendo os critérios programados quando a aeronave ainda estava em solo em seu ponto de origem.

Em seguida a aeronave volta para a rota e espera por orientações da torre de controle para efetuar uma nova tentativa ou seguir para outro aeroporto.

“Dificilmente um avião vai arremeter duas vezes. Se isso acontecer será por conta de condições meteorológicas muito severas. Além disso, com o comandante já ciente das condições adversas no destino e tendo realizado uma tentativa frustrada, o mais indicado nesse caso é pousar em outro aeroporto para não comprometer a capacidade de combustível”, explicou Guzzo.

A condição que mais prejudica a visibilidade das aeronaves que pousam no Brasil são nevoeiros e chuva.

Em países frios, o principal desafio é a neve.

“A tripulação deve ter condições de enxergar a pista dentro dos limites estabelecidos pelo fabricante ou pela companhia mesmo em aeronaves e aeroportos com equipamentos que podem realizar pousos automáticos”, enfatiza o gerente da Gol.

Tesoura de vento e arremetida do avião

Outro fator que pode levar a uma arremetida é o vento.

O mais adequado para o pouso é que a aeronave voe com vento de proa, ou seja, contra o vento. Se subitamente houver uma mudança brusca no sentido do vento, a aproximação é prejudicada e o avião volta a subir.

Um fenômeno meteorológico chamado “Tesoura de Vento” ou “windshear” no termo em inglês usado na aviação, pode causar uma reação crítica durante o pouso, forçando o piloto a realizar manobras bruscas de compensação antes de arremeter.

O windshear é uma mudança brusca na intensidade ou direção do vento.

“É como parar a esteira onde vocês está correndo de uma hora para outra. Ou então a esteira em vez de correr para trás passa a se mover de lado”, analisa Guzzo.

“Um equipamento a bordo da aeronave chamado “Predictive Windshear” consegue prever esses eventos”, tranquiliza o gerente de operações e segurança da Gol.

O vento lateral, mesmo forte, não é um elemento que pode afetar o pouso.

Nesses casos, o avião precisa direcionar seu nariz em direção ao vento, causando o efeito clássico do “pouso de lado” ou “caranguejando”, quando o avião alinha com a pista momentos antes do toque.

Abortagem de pouso

Quando a aeronave toca a pista mas precisa voltar a decolar não é considerado uma arremetida, mas sim uma “abortagem de pouso”.

Esse procedimento acontece devido as condições de velocidade e pista, que em alguns casos podem não ter extensão o suficiente para um novo toque.

“Segundo recomendação dos fabricante de aeronaves, após o reversor ser acionado é aconselhado não decolar novamente com a aeronave”, explica Guzzo.

O reversor é um recurso do motor que frea a aeronave ao direcionar o fluxo do motor para o sentido oposto.

Por segurança, os reversores são acionados somente quando a aeronave já está com todas as rodas do trem de pouso na pista.

O avião ainda conta com poderosos freios nas rodas traseiras, com discos de aço ou carbono, mais indicados para pistas curtas, e no momento do pouso a tripulação aciona todos os flaps e defletores das asas, que atuam como freios aeronodinâmicos.

Não precisa ter medo

A arremetida é um procedimento de segurança que se não for efetuado pode levar a uma consequência desastrosa.

É comum na aviação e elas acontecem todos os dias em todos os lugares e não merecem ser tratadas como “emergências”.

Como analisa o diretor de segurança e operações da Gol: “melhor o piloto arremeter do que tentar o pouso”.

Fonte: Airway

 

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